A fecundação in vitro é uma técnica de reprodução assistida que consiste na extracção dos óvulos por punção folicular e na sua fecundação com espermatozóides em ambiente laboratorial com o objectivo de obter pré-embriões de boa qualidade que são, posteriormente, transferidos para a cavidade uterina da mulher.
Este tratamento é, normalmente, conhecido como FIV – Fertilização in Vitro – ou como fertilização assistida.
Indicações
A fertilização in vitro é levada a cabo nos casos de esterilidade, tanto feminina como masculina ou nos casos em que a fecundação fracassou sem um razão aparente. Algumas dessas razões podem ser as seguintes:
Infertilidade masculina
Nos casos de infertilidade masculina moderada ou grave os casais podem recorrer à fertilização in vitro com o objectivo de conseguir uma gravidez. Contudo, existe um número mínimo de espermatozóides necessários para que esta técnica seja realizada com algumas garantias de sucesso. Assim, se o homem sofrer de infertilidade masculina causada por um factor relacionado com o seu esperma, deve ter uma contagem mínima de 2 a 3 milhões de espermatozóides para que a fertilização possa ser realizada.
Existem várias causas relacionadas com a infertilidade masculina que podem indicar a necessidade de recorrer à fertilização in vitro. As causas mais comuns são:
- Oligospermia
- Teratospermia
- Astenozoospermia
- Criptozoospermia
- Combinação das várias alterações mencionadas anteriormente.
Infertilidade feminina
Este tipo de infertilidade aparece quando é a mulher que apresenta o maior problema em conceber. Contudo, é também possível que a causa da infertilidade seja de origem combinada, isto é, é possível que existam alterações na qualidade do sémen bem como na capacidade fértil da mulher.
Nas mulheres os principais problemas de infertilidade costumam estar relacionados com:
- Problemas de ovulação
- Factor tubárico
- Factor uterino
- Factor cervical
- Endometriose de moderada a severa
Requisitos
Ao contrário da inseminação artificial, no caso da FIV não existem requisitos específicos capazes de garantir o êxito do tratamento. Isto deve-se ao facto de que este tipo de tratamento de reprodução assistida envolve uma maior intervenção dos especialistas em fertilidade. No entanto, a fertilização in vitro apenas pode ser realizada se existirem algumas condições mínimas. Essas condições são as seguinte:
Homem: é necessário que o seu sémen detenha uma determina qualidade, que existam espermatozóides no sémen ejaculado e que a sua contagem de espermatozóides seja de, no mínimo 3 milhões por ml.
Mulher: deve ser capaz de produzir óvulos e não deve apresentar malformações ou alterações uterinas que impeçam a implantação do embrião e seu correcto desenvolvimento.
O Processo
É importante mencionar que esta técnica é simples e indolor, logo, não requer a utilização de anestesia. O processo de fertilização in vitro é composto por uma série de passos que devem ser cuidadosamente seguidos para que o tratamento seja bem-sucedido.
Estimulação controlada do ovário
Medicamentos específicos são usados com a finalidade de controlar em absoluto o processo de ovulação da mulher e a trajectória do óvulo.
Punção folicular
Quando os folículos alcançam o seu tamanho optimal (de entre 15 e 18mm) o ginecologista realiza uma punção para extraí-los. Esta é uma intervenção simples e indolor.
Colheita e preparação do sémen
É necessário realizar alguns exames para garantir a melhor qualidade possível do esperma.
Inseminação dos ovócitos
Por fim, o esperma é introduzido no ovócito com o objectivo de fecunda-lo e dar início ao processo de gestação.
Cultivo de embriões
Esta fase consiste na observação da criação de embriões após a fecundação do ovócito. A implantação no útero da mulher é feita sete dias depois da inseminação.
Transferência embrionária
Após o cultivo, são escolhidos os embriões de melhor qualidade e a transferência embrionária é feita.
Congelação de embriões
Os embriões de qualidade elevada são congelados e preservados para que possam, no caso de necessidade, serem posteriormente utilizados.
Resultados
Como em todas as técnicas de reprodução medicamente assistida o êxito do tratamento é medido em função da idade da paciente, já que este é um dos factores que mais influência os resultados dos tratamentos.
Ademais, cada caso específico tem as suas vantagens e desvantagens, que devem ser determinadas pelo especialista responsável pelo caso. Mesmo assim, em função da idade, foi possível estipular alguns padrões para medir a percentagem de êxito.
Taxa de sucesso
- Cerca de 40% em mulheres com menos de 35 anos de idade.
- Entre 27% e 36% em mulheres com idade compreendida entre os 35 e os 37 anos.
- Entre 20% e 26% em mulheres com idade compreendida entre os 38 e os 40 anos.
- Entre 10% e 13% em mulheres com mais de 40 anos de idade.
Problemas
A FIV acarreta alguns inconvenientes que derivam da utilização de medicamentos durante as primeiras fases do tratamento que procuram conseguir uma estimulação ovárica. Em concreto, podemos definir os seguintes pontos como desvantagens da fertilização in vitro:
Síndrome de hiperestimulação ovárica
É administrado à mulher um medicamento que procura controlar o ciclo menstrual e estimular a produção ovárica. Esta medicação pode causar uma hiperestimulação ovárica, isto é, um crescimento exagerado do tamanho dos óvulos e extravasamento de fluídos para fora da corrente sanguínea devido ao aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos. Nestes casos, o correcto funcionamento dos sistemas hepático, renal, respiratório e hematológico é comprometido.
Gravidez múltipla
Nos ciclos em que são transferidos dois embriões existe uma probabilidade de 6% de uma gestação de gémeos. Quando são transferidos três embriões essa probabilidade cresce para 12% e a probabilidade de uma gravidez de trigémeos é de 3%. Apesar de estas percentagens não serem demasiado altas não podem passar despercebida. A possibilidade de uma gestação múltipla é um risco que deve ser tido em conta.
Aborto natural
Esta é uma das desvantagens mais comuns neste tipo de tratamento. Cerca de 20% das gravidezes terminam num aborto natural, sendo que a maioria desses abortos ocorre durante as primeiras semanas de gravidez. Sendo esta taxa um pouco mais elevada os paciente devem estar, antes de submeterem-se ao tratamento, cientes que a possibilidade de ocorrer um aborto existe.
Gravidez ectópica
Entre 2% e 5% das mulheres que se submetem a um tratamento de fertilização in vitro desenvolvem uma gravidez ectópica. Este número contrasta com o 1% de probabilidade de este tipo de gravidez acontecer quando a concepção é feita de forma natural.
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