O desenvolvimento de processos de reprodução assistida tem aumentado nos últimos anos, dando origem a criação de novas e inovadoras técnicas. Essas novas técnicas são capazes de melhorar as taxas de êxito dos tratamentos de reprodução assistida. Contudo, é sempre preciso ter em conta que nenhuma destas técnicas tem uma eficácia de 100%.

Uma das causas mais frequentes da infertilidade é o factor masculino. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o espermograma é a ferramenta de avaliação da fertilidade masculina mais objectiva porque detecta problemas na função testicular. Esses problemas são caracterizados pela diminuição do número de espermatozóides produzidos, pela pouca mobilidade dos espermatozóides e pela presença de espermatozóides com uma morfologia alterada. Este último parâmetro é o melhor indicador da fertilidade masculina, logo, uma utilização de espermatozóides com boa morfologia possibilita a existência de um maior número de gravidezes de sucesso.

Nos casos em que o factor masculino é causa de infertilidade, a técnica mais utilizada é a microinjecção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI). Até pouco tempo, a análise e selecção dos espermatozóides ejaculados ou testiculares para utilização no processo de ICSI baseava-se na observação da cabeça, cauda e segmento intermédio dos mesmos. Contudo, o critério de observação e selecção dos espermatozóides que seriam microinjectados era da escolha do médico especialista, dotando este processo de uma certa subjectividade. Por esse motivo, foram introduzidas algumas modificações no processo de ICSI que deram origem ao que ficou conhecido como Injecção Intracitoplasmática de Espermatozóides Morfologicamente Seleccionados (IMSI).

Vantagens da IMSI

Esta nova técnica é muito vantajosa pois permite que seja feita, por exemplo, a selecção do espermatozóides em tempo real sem que esse sofra danos. Permite, ainda, a visualização dos espermatozóides com uma magnificação de 6.300. Esta visualização tão detalhada permite aos biólogos descartarem todos os espermatozóides que têm uma morfologia defeituosa.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, um espermatozóide ideal deve ter uma cabeça ovulada, a cauda recta, o núcleo fixo e ser transparente. Qualquer espermatozóide que não tenha essas características, não seria escolhido para fecundar o óvulo, já que, pode dar origem a uma fertilização falhada e aumentar a probabilidade de abortos.

Indicações do IMSI

A utilização da IMSI está indicada nos seguintes casos:

  • Quando já se realizaram várias tentativas falhadas de transferência de embriões. Essas tentativas podem ter falhado devido à não fertilização dos óvulos ou porque os óvulos ou embriões fertilizados não se desenvolveram.
  • Pacientes con teratospermia severa.
  • Pacientes com resultados alterados de fragmentação de ADN espérmico.
  • Casos de esterilidade de larga duração de origem desconhecida.

Desvantagens da IMSI

Os inconvenientes relacionados com esta técnica são, também, muito evidentes e têm dificultado a sua propagação generalizada.

IMSI

Em primeiro lugar, é um processo de longa duração que pode prolongar-se até 5 horas. Em segundo lugar, é um processo com um custo elevado, o que dificulta a sua implementação em laboratórios. Nos laboratórios que recorrem à esta técnica ela apenas é utilizada nos casos em que a qualidade do sémen é muito baixa ou em que sucessivas fertilizações in vitro e tentativas de ICSI falharam.

Para que a eficácia desta técnica seja comprovada, são necessários mais estudos com amostras populacionais de maior dimensão.