A inseminação artificial é uma das técnicas de reprodução assistida mais simples. Apesar da crença comum de que esta é um técnica moderna, pensa-se que começou a ser testada em humanos já no século XV, tendo ganho popularidade na década de 70 do século XX. A sua utilização é cada vez mais comum e estima-se que, por exemplo, em Espanha sejam realizadas cerca de 23.000 inseminações artificiais por ano, numero este que aumenta de ano para ano.
A inseminação artificial é um processo simples e menos invasivo que outras técnicas de reprodução assistida mais complexas. É indolor e não é necessário anestesia.
O que é a inseminação artificial?
A inseminação artificial consiste na deposição de espermatozóides de uma forma não natural no útero da mulher durante o seu período de ovulação com o objectivo de conseguir uma gravidez.
A inseminação é amplamente utilizada, existindo diferentes tipos de inseminação artificial dependendo do local de deposição dos espermatozóides no aparelho reprodutor feminino:
- Inseminação artificial Intratubária
- Inseminação artificial Intracervical
- Inseminação artificial Intravaginal
- Inseminação artificial Intrafolicular
- Inseminação artificial Intra-uterina
A inseminação artificial Intra-uterina é a mais utilizada e a que apresenta melhores resultados. Os outros tipos de inseminação artificial apenas são utilizados se houver problemas em alcançar o útero da mulher através do cérvice.
Os tipos de inseminação artificial podem, também, ser classificados segundo a origem da amostra de sémen. Estes tipos podem ser a inseminação feita com o sémen do homem do casal ou inseminação feita com sémen de um dador. Nos casos de mulheres solteiras, de casais lésbicos ou de casais heterossexuais nos quais o homem tem problemas graves, a inseminação feita com sémen de um dador é a técnica utilizada.
Indicações da escolha do método de inseminação artificial
Ao escolher este método de reprodução assistida é importante fazer uma diferenciação dos vários tipos de inseminação artificial:
Inseminação artificial utilizando o sémen do parceiro
Este tipo de inseminação artificial deve ser utilizada quando existe:
- Infertilidade feminina devido a problemas no cérvice.
- Endometriose leve ou moderada.
- Alterações no ciclo menstrual. Estas alterações incluem, por exemplo, o síndrome do ovário policístico.
- Impossibilidade de depositar o sémen na vagina: ejaculação retrograda, vaginismo, ejaculação precoce, impotência sexual.
- Alterações na qualidade do sémen.
- Esterilidade de origem desconhecida: quando análises prévias não acusam a existência de qualquer patologia e os os pacientes apresentam níveis de fertilidade normal é recomendado começar com a inseminação.
- Esterilidade de causa imunológica: incompatibilidade entre o aparelho reprodutor feminino e o esperma. Geralmente, esta esterilidade acontece devido a fabricação de anticorpos por parte da mulher que destroem os espermatozóides. A esterilidade de causa imunológica não é muito comum e a forma como funciona ainda não é totalmente conhecida.
Inseminação artificial com sémen de dador
No caso de um casal, após várias tentativas falhadas de inseminação com o sémen do parceiro é possível recorrer a inseminação com sémen de um dador. Este método é, geralmente, utilizado nos seguintes casos:
- Mulheres solteiras ou casais lésbicos.
- Existência de doenças genéticas do homem que não podem ser previamente diagnosticadas
- Baixa qualidade do sémen.
- Existência de doenças sexualmente transmitidas que impedem a garantia de existência de sémen sem vírus mesmo após a realização de tratamentos.
Requisitos
Para que um casal possa submeter-se à tratamentos de inseminação artificial devem reunir um conjunto de condições mínimas que assegurem que esta técnica funcionará correctamente.
Em primeiro lugar o risco de existência de Hepatite C ou B, do vírus VIH, de Rubéola, de Sífilis e de Taxoplasmoses deve ser descartado, garantindo que não há riscos de contágio entre o casal e/ou o futuro bebé.
Uma vez garantida a segurança é necessário comprovar a permeabilidade tubária da mulher. Isto é feito através de uma série de técnicas que permitem observar as trompas de Falópio e seu funcionamento.
No caso do homem, é necessário que este tenha um mínimo de espermatozóides de boa qualidade. É necessária uma contagem superior aos 3 milhões de espermatozóides móveis.
Por fim, o factor idade influência directamente as probabilidades de êxito ou fracasso de uma inseminação artificial. Em média, depois dos 36 anos as probabilidades de engravidar das mulheres começam a baixar.
Processo
A inseminação artificial é uma técnica simples que consiste em estimular suavemente a mulher e, no dia da sua ovulação, introduzir o sémen no seu útero.
Ciclo ovárico controlado
É necessário saber em que momento exacto do seu ciclo menstrual se encontra a mulher de forma a ser possível saber quando se deve realizar a inseminação. Nas mulheres que ovulam sem problemas não é necessário estimular o ciclo menstrual. Contudo, é recomendado faze-lo porque aumenta as possibilidades de sucesso do processo de inseminação.
A estimulação ovárica é feita através da utilização de uma série de hormonas. As mais utilizadas são as gonadotrofinas. O controlo do número de folículos estimulados é recomendado, já que, a estimulação de um número elevado pode produzir gestações múltiplas. Assim, a estimulação deve ser suave e monitorizada.
Indução da ovulação
Uma vez alcançado o crescimento ideal dos folículos (18 mm de diâmetro), as hormonas para desencadear a ovulação são administradas e a ovulação ocorre nas 36-48 horas seguintes. A inseminação deve ser realizada nesse espaço de tempo.
Capacitação do Sémen
A fim de ser possível obter uma amostra de sémen em boas condições é aconselhável que o homem guarde um período de abstinência de 4 dias. Se o sémen utilizado é de um dador a clínica se encarregará de garantir a qualidade do mesmo.
A capacitação do sémen é uma técnica através da qual proteínas e outros restos são eliminados do sémen, preservando-se os espermatozóides que têm boa mobilidade.
Inseminação intra-uterina
Neste caso a inseminação é feita durante o período de ovulação. Os espermatozóides capacitados são recolhidos num tubo e injectados no cérvice da mulher. Esta injecção pode ser feita directamente ou guiada por uma ecografia para que a paciente a possa seguir. Este procedimento é indolor e, por precaução, é aconselhável fazer uma hora de repouso após a inseminação. Depois do repouso a mulher pode abandonar a clínica e proceder com a sua vida normal.
Apoio à fase luteína
Geralmente, progesterona é administrada por via vaginal no suporte à fase luteína, isto é, a última fase do ciclo menstrual, para que a implantação do embrião seja mais fácil.
Resultados
Existe uma variedade de factores que influenciam os resultados da inseminação artificial como é o caso da idade da mulher, a espessura do endométrio e a qualidade do esperma. É importante incluir neste tratamento apenas os pacientes adequados.
A eficácia do tratamento varia segundo as clínicas, sendo que a taxa de gravidez de sucesso de mulheres com menos de 35 anos que se submeteram a um tratamento de inseminação artificial com o sémen do seu parceiro varia entre os 13% e os 25%. No caso de utilização de sémen de um dador a taxa de sucesso ronda os 18-29%.
Diversos estudos demonstram que é aconselhável realizar uma série de inseminações no caso de não haver gravidez. O mais recomendável é realizar 4 ciclos de inseminações e, se não for possível produzir uma gestação, outro tratamento de reprodução assistida deve ser escolhido. A taxa de gravidez após estes quatro ciclos é de 50-60% quando é utilizado o sémen do parceiro e de 60-70% no caso de utilização do sémen de um dador.
Vantagens
A principal vantagem da inseminação artificial é que é uma técnica simples que não requer qualquer intervenção cirúrgica. Assim, a utilização de anestesia não é necessária e todo o procedimento é indolor.
Outra vantagem é o custo. Por ser uma técnica menos complexa o seu preço é menor quando comparado com outros tratamentos de reprodução assistida que requerem intervenção cirúrgica.
Problemas
Apesar de o número de problemas relacionados com a inseminação artificial ter vindo a diminuir continuamente durante os últimos anos em algumas ocasiões podem surgir algumas complicações como:
- Síndrome da Hiperestimulação ovárica. Este síndrome é causado por uma resposta excessiva dos folículos as hormonas. Por este motivo as estimulações durante o processo de inseminação artificial devem ser suaves e controladas através de ecografias. Quando um risco de hiperestimulação é detectado o ciclo deve ser interrompido.
- Gravidez Múltipla: a estimulação dos folículos pode originar gestações múltiplas sobretudo em mulheres jovens. Actualmente, as clínicas de reprodução assistida esforçam-se para evitar as gestações múltiplas, já que estas acarretam alguns riscos. Em mulheres com menos de 35 anos a administração de hormonas deve ser cancelada no caso de existirem mais de 5 folículos de 12mm ou mais de 3 com 15mm.
- Gravidez ectópica, refere-se a implantação do embrião fora da cavidade uterina. Em gravidezes conseguidas através de inseminação artificial o risco de uma gravidez ectópica é de 4%.
- Aborto: o risco de aborto é maior durante as primeiras semanas de gestação, sendo que a taxa encontra-se nos 20%.
- Infecções: são muito pouco frequentes (0.07% em cada inseminação), graças as rigorosas medidas de esterilização obrigatórias nas clínicas.
Podem, também, produzir-se inflamações pélvicas e alguns problemas imunológicos.
Sem Comentários
Não existem comentários neste post