Para ser capaz de fertilizar um óvulo os espermatozóides ejaculados têm de passar por um processo denominado capacitação do esperma.

A capacitação compreende mudanças na membrana plasmática dos espermatozóides, essenciais para a fusão entre esses espermatozóides e o ovócito. Este processo ocorre de forma natural no interior do aparelho reprodutor feminino, contudo, no âmbito das técnicas de reprodução assistida a capacitação tem de ser feita em laboratório de forma artificial.

Existem duas grandes técnicas de capacitação do esperma: a swim-up e os gradientes de densidade. Ambas as técnicas têm os mesmos objectivos:

  • Separar os espermatozóides do líquido do sémen.
  • Obter espermatozóides com uma mobilidade rectilínea mínima de 70%.

A selecção de uma técnica ou de outra depende da qualidade e das características do sémen que será tratado.

Swim-up e Gradientes de Densidade

Swim-up

É a técnica mais antiga e utilizada. Consiste na centrifugação dos espermatozóides e de todas as células ejaculadas num tubo durante 10 minuto para que os espermatozóides possam pousar no fundo desse tubo.

A amostra de sémen é decantada e o líquido em excesso é eliminado, conservando o sedimento celular. O sedimento celular é, então, combinado com entre 0,3 e 0,5 ml de produto de cultivo e incubado durante 45 ou 60 minutos numa temperatura de 29ºC. Durante este período de tempo os espermatozóides com melhor mobilidade ascendem no meio de cultivo e são resgatados para uso nas diferentes técnicas de reprodução assistida.

Esta técnica permite recuperar uma alta percentagem de espermatozóides móveis (mais de 90%) e de células morfologicamente normais, tornando o processo de separação dos espermatozóides das restantes células mais fácil. A sua eficácia baseia-se na mobilidade inicial do esperma. A técnica de swim-up requer uma centrifugação rápida e curta para que todas as células dos espermatozóides fiquem depositadas no fundo do tubo de ensaio.

A principal desvantagem deste método é que, no tubo, os espermatozóides entram em contacto com as restantes células do esperma, podendo produzir um alto número de radicais livres e, consequentemente, a fragmentação do DNA do esperma.

Geralmente o swim-up é utilizado em casos de sémen normal ou com uma patologia leve e em casos em que não existam suspeitas de infecções ou inflamações no homem.
Técnicas de capacitação de esperma

Gradientes de densidade

Esta técnica baseia-se na combinação de dois aspectos: a mobilidade dos espermatozóides e a sua capacidade de atravessar obstáculos de diferentes densidades.

O método consiste em centrifugar a amostra de sémen para que essa possa passar através de uma solução composta por dois líquidos de densidade diferente e com gradientes de concentração distintos. Esta técnica permite separar as células através da centrifugação por gradientes de densidade.

Uma vez estabelecido o gradiente, o esperma é depositado sobre o mesmo, sendo o menos denso o mais próximo da amostra e o mais denso o que está mais distante. Esta mistura é centrifugada durante 15 a 20 minutes a baixa velocidade.

Esta técnica requer uma centrifugação lenta e prolongada para que os espermatozóides móveis atravessem os diferentes gradientes de densidade desde o ejaculado até ao fundo do tubo de ensaio. Todas as células descendem devido ao movimento, mas apenas o esperma com maior mobilidade é capaz de atravessar todas as camadas com maior facilidade e rapidez.

Esperma capacitado

Os gradientes de densidade são uma técnica cara e relativamente difícil de realizar, já que a preparação dos gradientes deve ser feita de forma precisa.

Esta técnica é utilizada em casos de sémen com patologias moderadas e graves e em casos de suspeita de existência de radicais livres.